Não se trata exatamente de Brasília na moda, mas de elementos constitutivos da identidade da cidade que vêm servindo de temas e inspirações para eventos culturais que acontecem por aqui e por aí.
Palácio do Itamaraty - Anexo 2
Athos Bulcão é considerado o artista de Brasília. Sua trajetória artística é especialmente consagrada ao público em geral. Não ao que freqüenta museus e galerias, mas ao que entra acidentalmente em contato com sua obra, quando passa para ir ao trabalho, à escola ou simplesmente passeia pela cidade, impregnada pela sua obra, que "realça" o concreto da arquitetura de Brasília.
Escola Classe 315 sul
Outro evento que me chamou a atenção foi o desfile da marca de moda praia Jo De Mer, que aconteceu na antiga casa de Oscar Niemeyer, na Barra da Tijuca, a Casa das Canoas.
Projetada por Niemeyer em 1951 para sua moradia e da família, é considerada um dos mais significativos exemplares da arquitetura moderna brasileira, sendo notoriamente reconhecida, por especialistas de história e crítica da arte (Stamo Papadaki, Nova York, 1956 e Yves Bruand, São Paulo, 1981), como síntese apuradíssima e premonitória - ao iniciar-se a Segunda metade do século - da arquitetura moderna de livre criação autoral que floresceu na Europa e nas Américas, justamente a partir de então. Certas características do traço e do estilo pessoal de Niemeyer, nascidos em Pampulha - Igreja, Cassino e Casa do Baile em 1943, e desenvolvidos nas marquises projetadas para o hotel Quitandinha (1951) para ser amplamente desdobradas no Ibirapuera (1951), entre outros projetos, vieram alcançar na Casa das Canoas um momento insuperável de perfeição formal, lirismo telúrico e poética arquitetônica.
"De Pampulha a Brasília eu segui o mesmo caminho, preocupado com a forma nova, com a invenção arquitetural. Fazer um projeto que não representasse nada de novo, uma repetição do que já existia, não me interessa. E nesse sentido, até Brasília eu caminhei. Mas senti que tinha que explicar as coisas, às vezes não era compreendido, que havia mesmo uma tendência a contestar essa liberdade de formas que eu prometia".
Palácio do Planalto
Não há como falar de Brasília e não se referir ao arquiteto Oscar Niemeyer. Foi ele o grande responsável pelas obras que são os cartões postais da cidade. Brasília foi um grande desafio, a cidade foi construída na velocidade de um mandato, em poucos meses Niemeyer projeta uma série de edifícios, para configurar a nova cidade. Entre os de maior destaque estão a residência do Presidente (Palácio da Alvorada), o Edifício do Congresso Nacional Catedral de Brasília, os prédios dos ministérios, a sede do governo (Palácio do Planalto) além de prédios residencias e comerciais.Nesta nova cidade projetada, levou-se em conta o ideal socialista onde todas as moradias pertenceriam ao governo e seriam utilizadas pelos funcionários públicos. Nesta visão, todos os funcionários, fossem serventes ou parlamentares, deveriam habitar os mesmos prédios.
A construção de Brasília foi controversa, os preceitos do urbanismo modernista, antes mesmo do ínicio de sua construção, já sofriam críticas devido à sua escala monumental e à prioridade dada ao automóvel.
Congresso Nacional
"Quando Juscelino Kubitschek me procurou, na minha Casa das Canoas, pedindo que eu ajudasse a ele na construção da nova capital, eu fiquei entusiasmado, era uma obra que me interessava e ia ajudar a um amigo que acompanhava a muito tempo. Eu já não tinha preocupação em dar explicação a ninguém, já me sentia a vontade para fazer o que bem entendia."
Palácio da Alvorada
E teve ainda o Brasília Fashion Festival, que se inspirou na Bossa Nova, movimento da música popular brasileira que surgiu no final da década de 50 e início de 60, ou seja, exatamente na época da construção da capital, inaugurada em 21 de abril de 1960 e que, portanto, tem muito a ver com a sua formação cultural.
Memorial JK Movimento que ficou associado ao crescimento urbano brasileiro - impulsionado pela fase desenvolvimentista da presidência de Juscelino Kubitschek (1955-1960) -, os famosos "anos dourados", a bossa nova iniciou-se para muitos críticos quando foi lançado, em agosto de 1958, um compacto simples do violonista baiano João Gilberto (considerado o papa do movimento), contendo as canções Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e Bim Bom (do próprio cantor).
A pedido do presidente, Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Morais (ícones importantes da bossa nova) compuseram Brasília, Sinfonia da Alvorada em 1958. De forma apaixonada e poética, a Sinfonia descreve em cinco atos toda a saga da construção da nova capital. Na capa do Long Play, que recebe o mesmo nome da sinfonia, gravada nos estúdios Colúmbia do Rio de Janeiro, Vinícius escreveu um texto onde fala de sua satisfação em fazer parte de algo tão grandioso como a construção da nova capital, da sua amizade com o presidente Juscelino e com Oscar Niemayer. O mesmo revelou uma demonstração clara de apoio, como também do sentimento de confiança do qual estavam contagiados os “novos” brasileiros. Ao final do texto, em agradecimento, em seu nome e de Tom Jobim, Vinícius declara:
“(...) sem embargo de uma constante vigilância crítica, nos foi sempre do maior estímulo nesse empreendimento em que esses dois sentimentos são determinantes: amor pela obra e confiança no futuro de Brasília e do Brasil”.
4 comentários:
Boa pesquisa! Parabéns!
PS: Não esquece de me dar o toc do troca-troca.
pô que lindo hein Lud
essa foto do palacio da alvorada tem creditos? é sua?
obrigada
post muito interessante para um novo olhar sobre Brasília. Pra quem acha que não tem beleza, há que prove que existew e com conteúdo.
Postar um comentário